quarta-feira, 19 de março de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Brasil: uma miragem!
Jerri Almeida
Professor e Historiador
Osório-RS
A palavra Brasil já existia
antes desse território ser encontrado, achado, descoberto, invadido pelos
lusitanos em 1500. Sim, entre 1351 e 1500, mapas europeus já mostravam o nome
Brasil em suas variações: Bracir, Bracil, Brazille, Bersil, Braxili, Braxill,
entre outros. Esses nomes, na sua generalidade, referiam-se a uma, ou várias
ilhas afortunadas, esplendidas, que somente existiam nas miragens de sonhadores
argonautas dos oceanos.
Após o domínio português,
oficializou-se em 1516 o nome Brasil para esse território de “papagaios”. A
miragem da conquista do ouro continuou nas mentes além-mar, ávidas por riqueza.
O Brasil deixou de ser, em
algum momento de sua história, uma fantástica “miragem”?
Um país que gasta 7 bilhões
nas obras da copa, onde se fala em investir 30 milhões em “estruturas
temporárias” em torno de um estádio de futebol, mas que não possui recursos
para dignificar sua educação? Certo, essas obras trarão benefícios para a
população, asseveram seus defensores. O tempo dirá, mas creio, antecipadamente
e com certo pessimismo, tratar-se somente de mais uma miragem.
O Brasil, nos tempos
modernos, continua fazendo justiça ao sentido de seu nome original e simbólico:
“ilha dos sonhos, da fantasia, terra da bem-aventurança”. O seu esplendor é
visivelmente percebido por algumas empreiteiras, multinacionais e, é claro, por
uma classe política parasitária do poder e de suas benesses, sem esquecermos os
funcionários da burocracia estatal, com seus vultosos salários, entre outros.
Enquanto isso, milhares de
alunos e professores vivem não de miragem, mas da realidade perversa e infame
das escolas desestruturadas, material e intelectualmente, para cumprirem
somente sua função de educar. À semelhança dos argonautas do passado, os
burocratas do presente se distanciam, cada vez mais, do mundo real. Seus
discursos já não convencem mais os angustiados do cotidiano.
Ora, mas para que se
preocupar com tudo isso, o carnaval está chegando, depois, finalmente,
poderemos torcer pelo “Brasil”, é a copa! Assim vamos levando nossas vidas ou
talvez, estejamos somente a ver miragens, que rapidamente se diluem.
Afinal, os números mostram
que o Brasil melhorou, pois há menos pobreza, menos analfabetismo, menos
violência, tudo isso, naturalmente, em função da competência do estado em gerir
bem os recursos públicos. Não aguentamos mais a utopia dos números vazios e dos
encantos de medusa que petrificam a inteligência do povo.
A educação nunca deixou de
ser um discurso, e somente isso! Os professores brasileiros, que para
sobreviverem necessitam trabalhar 60 horas durante a semana, que aos fins de
semana corrigem avalições e planejam suas atividades, que tiram xerox para os
alunos com o seu dinheiro, que compram a rifa da escola, que vivem reféns do
tempo e da burocracia burra dos burocratas, sabem bem disso! Para esses, o
Brasil não é uma miragem.
Onde ficaram o sonho de
mudança, as ideologias, o otimismo de que esse ou aquele partido..., os jovens,
os intelectuais, o povo, os anarquistas, direitistas, sindicalistas,
liberalistas, comunistas, centristas?
De utopias o Brasil já está
cheio. De miragens, também!
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