domingo, 4 de setembro de 2011

Campanha da Legalidade

Lucas Zanoni[1]

A campanha da Legalidade iniciou com a renúncia de Jânio Quadros, então presidente do Brasil. Até hoje não se sabe explicar o real motivo da renúncia de Jânio. Especula-se que o motivo seria voltar nos braços do povo, pois seu governo era enfraquecido, sem apoio do senado e da câmara dos deputados. De certo modo, Jânio não pensou na consequência que sua renúncia traria, pensou apenas que poderia voltar ao poder, não que o congresso aceitaria a sua carta de renúncia, justamente em uma sexta-feira, naquele fatídico 25 de agosto de 1961, sete anos e um dia após a morte de Getúlio Vargas.
Jânio condecorando Che Guevara com a medalha Cruzeiro do Sul, maior honraria do Brasil. Jango na China comunista em missão diplomática. Isso tudo em plena Guerra Fria. Esses atos revoltaram ministros militares e políticos conservadores da época.
Leonel Brizola, governador do estado do Rio Grande do Sul estava disposto a defender Jango e a Constituição Federal. A participação popular foi importantíssima, pois foi essa população que elegeu Jango como vice-presidente com mais votos que o próprio presidente. Podemos dizer então que a população se sentiu traída, não somente com a renúncia de Jânio, mas também porque eles (ministros militares e conservadores de direita) não queriam fazer valer a constituição. Talvez nos dias de hoje, se algo desse gênero acontecesse não saberíamos se a população iria às ruas como fez a população em 1954 com a morte de Getúlio e em 1961 com a campanha da Legalidade.
Brizola foi valente, pois não é fácil resistir somente com a população, a brigada militar e o III Exercito contra todas as outras forças militares do país e talvez até dos EUA, que estava disposto a ajudar, pois temia que se a esquerda assumisse o poder o Brasil se tornaria comunista. A rádio da Legalidade foi uma manobra perfeita de Brizola ao confiscar a rádio Guaíba elevando seus equipamentos para os porões do palácio Piratini, onde a transformou na rede da Legalidade onde pronunciava discursos inflamados e em um deles chega a dizer:  
“Não pretendemos nos submeter. Que nos esmaguem! Que nos destruam! Que nos chacinem neste palácio! Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo. Esta rádio será silenciada tanto aqui como nos transmissores. O certo, porém é que não será silenciada sem balas. Tanto aqui como nos transmissores estamos guardados por fortes contingentes da Brigada Militar”.
Na rádio volta e meia tocava o hino da Legalidade feito por Paulo Cesar Pereira e Lara de Lemos. Onde diz:

“Avante brasileiros de pé
Unidos pela liberdade
Marchemos todos juntos
Com a bandeira que prega a lealdade
Protesta contra o tirano
E recusa a traição
Que um povo só é bem grande
Se for livre sua Nação”

Neste hino foi preciso trocar “gaúchos” por “brasileiros”, “legalidade” por “igualdade”.
Pode-se dizer que Jango foi inteligente ao aceitar o parlamentarismo, pois não queria ver sangue inocente sendo derramado, não queria ouvir um tiro sequer assim como Brizola. O parlamentarismo foi rejeitado pelo povo e logo em seguida Jango assume a presidência com as reformas de base. Talvez o fato de Jango não ter discursado para a população em Porto Alegre foi o único erro. Mas se pararmos para pensar ele foi um herói, pois aceitou o parlamentarismo para não ver a população sofrendo as consequências de um grupo de pessoas que estavam dispostas a tudo pelo poder.


Referências

http://www.olhardahistoria.blogspot.com/
http://legalidade50anos.blogspot.com/
http://legalidade50anos.blogspot.com/p/legalidade-50-anos.html
SILVA, Juremir Machada da. Vozes da legalidade, política e imaginário na era do radio.4ª edição. Porto Alegre: editora sulina, 2011.  



[1] Aluno do 3º Ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Educação Básica Prudente de Morais.

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